quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O MEU ESCURO.....

Você me vê, me enxerga como eu mesmo? Sabe da minha luz? Você em algum momento seguiu os meus passos?......Houve medo, houve dor, eu pude ver tudo diante dos abismos que enfrentei. Eu muitas vezes até pensei em voar, como se fosse um meio de aliviar, como se fosse um meio rápido de tirar o peso das costas. Era demais a escuridão, as sombras....era quase impossível ver alguma luz. Tem certos momentos na vida que a escuridão é tão vasta que a gente inconscientemente acaba por não perceber a claridade. Estar só na escuridão é como se perder dentro de si, é como ter que reinventar-se para não sucumbir a uma realidade aprisionada. Um realidade onde a gente não se move, não se meche.... Vivi muitos anos de escuridão, muitos medos, eu herdei o meu precipício, estava tudo lá para que eu o enfrentasse. haveria de ser assim, e eu olhei bem dentro da escuridão, talvez na tentativa ingênua de me adequar, de talvez tatear alguma direção, de me misturar com essa paisagem do destino. Eu não estava cega, eu não estava surda ou muda...mas eu estava faminta, com fome de vida. Eu quero viver plenamente, queria poder chegar a claridade da existência. Por algum motivo a vida me quis na escuridão...talvez a vida me quisesse um ser de sentimentos profundos, de desejos viscerais...de coração valente. Eu sei, tive mágoa da vida. Pois o que ela me trouxe não era exatamente parecido com meus planos. Mas acabei aceitando a emoção, o extra sensorial, o que não se mede...o que os outros em sua racionalidade e clareza não percebem. Eu sou assim, um ser vindo da escuridão, gerado no ventre do acaso, eu sou aquilo que ninguém desejou ou planejou. Eu sou um simples presente do acaso. Esse é o meu grande presente da vida...eu provei do improvável, eu tive que saborear o amargo entre outros sabores e me deliciar com esse gosto diferente. Eu tive que buscar a luz, mas não a luz natural, eu tive que buscar a luz da alma para me guiar... Hoje eu tenho poucas mágoas, muita coisa já sarou, só me resta mesmo é poder olhar a pele riscada, só me resta acostumar com o que está dilacerado. Eu olho e toco, e aceito, muitas vezes parece até bonito se vê. Porque essas marcas me lembram por onde passei, é como um mapa do meu caminho, onde caí e levantei tantas vezes. É a minha forma, minha essência que transbordou...eu sou exatamente aquilo que haveria de ser. Nada se perdeu. Existem outros filhos da escuridão, eles assim como eu também atravessaram seus destinos, e sabem que não precisam ter medo do escuro. A minha escuridão ironicamente nada mais é que a claridade rejeitada de outros, nada mais é que aquele brilho que perdeu força em quem amávamos. Quando a luz de alguns se apagou eu me vi na escuridão...me lancei junto com ela em outros mundos, eu vi de perto o que havia dentro da claridade. E por não haver motivos para recusar, eu aprendi a amar a escuridão, e a amei, com seus perigos e com suas glórias. Hoje eu sei que não haveria de enxergar tão bem sem aceitar minha escuridão, pois quando fecho os olhos eu enxergo cada vez mais longe.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O VALOR DA VIDA...

Hoje é meu aniversário...Significa muita coisa, significa, que a vida é constante, que pulsa, se desdobra, acontece, ainda respiro!!! Significa que estou aqui, de olhos bem abertos ainda querendo me surpreender com o mundo, tentando sugar um pouco mais de vida...significa que ainda existe o insaciável e quase insuportável desejo de viver. Aprendo coisas todos os dias, porque o tempo me avisa sempre, que tudo voa, tudo passa, e nessa correnteza de vida eu tento flutuar, tento sentir o mundo passando por mim, me deixando o gosto e o prazer de consumir essa existência antes que ela me deixe. Viver é dolorosamente espetacular, é minha vontade. Viver pra mim é realizar minhas vontades....
Não penso numa explicação possível para nada, eu não explico, não conduzo, não nego, nem evito....não se evita a vida, porque a vida é o desejo...violento, inescrupuloso, pecaminoso, sádico, perdido, simples, voraz, efêmero...o desejo de que todas as coisas se aproximem, se rompam, transbordem mas continuem dentro da gente. É preciso querer continuar, é preciso querer ser vivo...estar. Quando o desejo não quer, não me sinto viva...pois não tenho a quem servir, não tenho a quem amar...não tenho a quem pedir perdão.
Como eu ou alguém poderia me negar esses meus desejos...??? quem além de mim sabe o quanto vale todos os segundos em que espero realizar a vida???...Se eu pudesse desistir de alguma coisa, seria de desistir. Pois a cada dia meus olhos me mostram outras cores, minhas mãos tocam o diferente, meus pulmões se enchem e se esvaziam de mim e eu permaneço aqui...sempre querendo mais.
Há dias em que eu em vários momentos talvez não queira nada, talvez por um descuido ou por um desgosto me esqueça de aproveitar os meus dias, meus segundos...talvez alguma coisa me faça distante de toda essa magia de existir. Porque a vida dói mesmo, e a gente desvia o olhar pra perceber as dores. A gente chora, grita e se lamenta, porque a dor nos lembra que a vida tem preço, e a vida nos cobra...a vida não é um mero presente...a vida é uma missão. A vida é algo precioso e frágil que precisa ser defendida...guardada, cuidada, zelada...para que não seja então perdida sem valor.
E se perder é fácil, basta que roubem os nossos desejos, desejos de existir...basta que alguém te diga que você não poderá amar, que você não poderá sentir, que você não poderá estar...estar diante de tudo. Estar plenamente presente na sua existência...incompleto. Essas são as armadilhas do mundo para quem vive...porque o mundo também foi feito pra gente se perder, foi feito para que a vida saiba que tem que valer a pena, que nada na existência nos vem desmerecidamente...A vida está dentro de nós para que a humanidade perceba que tudo pode existir, mas que existir não será mera coincidência. Se alguma coisa existe é porque em algum lugar isso tudo faz algum sentido e por algum motivo antes de tudo nasceu em alguém um desejo de realizar algo, de realizar-se. Sendo o desejo a matéria-prima da existência, o valor da vida é vivê-la....

sábado, 7 de janeiro de 2012

A BONDADE POR SI....

A bondade é boa em si própria. É uma qualidade que acrescentamos a nós mesmos, se na nossa essência ela deseja existir...talvez para uns seja um desejo, uma mera vontade, por vezes distantes de ser realizada. A bondade sempre fala conosco e se oferece com uma certa timidez na tentativa de que nós a percebamos e a aceitemos em nossas vidas. Ser bom não é um prêmio ou um troféu que se possa exibir, é um dom...é algo como uma benção. Pois para ser bom é necessário que o ser humano seja abençoado com um entendimento superior sobre o que somos diante do outro. Ter amor ao próximo nos desafia a termos amor sendo "próximos", e continuar tento amor a tudo. Mesmo ao que não nos pareça claro ou aceitável. A bondade me parece tão superior que muitas vezes a entendo como um sentimento ainda desconhecido pelo ser humano. Porque o ser humano não compreende em sua vida social a atuação da bondade e não se adequa a ela. Porque estamos sempre tentando nos defender uns dos outros e pelo fato do mundo exigir uma luta sangrenta pela existência sufocamos os nossos desejos superiores de paz e de bondade. O medo de que nos falte o necessário para essa sobrevivência nos reprime e nos encurrala como animais. Animais que não conseguem pesar os seus sentimentos, que simplesmente vivem os seus sentimentos no calor dessa batalha, no ímpeto. E assim é fácil nos ferir e ferirmos os nossos iguais.
É difícil entender o significado de bondade, se antes de pensar em fazer o bem, tenhamos que inescrupulosamente criar todos os tipos de barreiras e proteções que nos assegurem uma distância entre nós. Temos que nos assegurar de que não vamos ser traídos, enganados, maltratados, esquecidos, humilhados....antes de praticarmos a bondade. Mas pra mim o sentido da bondade seria não ter medo, não pesar, não exitar em doar um pouco de si para o outro, sem defesas, sem protocolos, sem repressões. Bondade é fazer o que tem que ser feito, é fazer o que sua capacidade te possibilita, pelo simples fato de que é isso que tem de ser feito quando o outro está incapacitado de fazê-lo.
A bondade pra mim é uma prova se sobrevivência. É o meio de preencher o que nos falta sem subtrair de nós a nossa essência, sem subtrair do outro ou de nada a possibilidade de vivermos um sentimento superior.
Somos tão desconhecidos por nós mesmos que esse estranhamento nos confunde, nos isola. "Pra onde vamos?" e "de onde viemos?" nos amedronta de tantas formas que isso nos leva a lutar individualmente e a buscar uma salvação que jamais conseguiremos sozinhos.
Todas essas incertezas me fazem não praticar o bem todos os dias, me fazem ter aquela sensação de que o mundo não é tão maravilhoso e de que as pessoas não valem a pena. Eu confundo todos os dias os meus desejos de bondade com os meus desejos de sobrevivência e até me perco neles. Eu humilho, esqueço, maltrato, engano a mim e a outras pessoas, talvez porque eu esteja me defendendo também. Estou me defendendo do que ainda não entendo, do que não me é claro. Mas a cada dia eu percebo mais e mais que o meu desejo de bondade existe, mesmo que tímido, mesmo que amedrontado.
Perceber ou identificar os mecanismos dessa engrenagem que produz a bondade talvez seja bem mais fácil que construir os alicerces para que ela funcione. Mas praticá-la é a grande mola mestre de toda a salvação...pois enquanto a bondade é por si boa, eu sou por mim, você é por você e SÓ DEUS É POR NÓS!! Que ele tenha piedade desse mundo...

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

SERÁ QUE DEUS EXISTE....



Onde está Deus agora? Será que ele me vê? Será que me entende? Eu o procuro em mim, tentando fazer meus próprios milagres, tentando criar o meu mundo em 7 dias, tentando atravessar o oceano das minhas paixões. Nas minhas aflições eu também procuro Deus, procuro no meu vazio, procuro na minha dor, porque é como se ele tivesse se perdido...é onde também eu não posso me encontrar. Fico me perguntando se agrado a Deus, e creio que sim quando sinto que eu estou feliz, quando em minha consciência nada acusa o erro, quando sinto na simplicidade da incerteza que tudo está resolvido no meu coração. Eu creio em Deus quando acredito em mim, quando tenho fé em mim. Eu carrego em mim todas as incertezas do mundo, e com elas vou juntando os pedaços da minha imperfeita harmonia. Eu sei que quando a gente entende que encarar o mundo é algo como reinventar todos os dias os mesmos milagres, a vida se torna mais constante, assim como se torna constante a existência de DEUS.
De alguma forma eu sei no meu íntimo, que fazer uma oração é falar comigo mesmo. É como se eu tivesse que dizer "Aguenta mais um pouco", mas no fundo eu queria que Deus se materializasse em outra pessoa, para que eu pudesse ter um acalento como um abraço, para que eu pudesse sentir alguma força além da minha própria. Eu queria que Deus fosse as outras pessoas, uma pessoa que pudesse sorrir pra mim e dizer "tenha força" ou "Você vai conseguir". Perfeito seria se eu pudesse encontrar Deus em mais alguém....se eu pudesse olhar pro lado e entender que o Deus que está em alguém pudesse se unir com o Deus que está em mim.
Eu não quero Deus só pra mim, se assim fosse não haveria sentido em sentir a divina criação...Então eu saberia bem mais e não perguntaria sempre, onde Deus está nos meus momentos de aflição. Se eu o pudesse encontrar mais em outros. Eu não precisaria questionar a sua existência. Muitas vezes o mundo parece uma sala vazia, onde todo mundo espera ser recebido, onde todos aguardam ansiosos e individualmente por uma luz que os atenda. O mundo nos ensina que Deus está em outro lugar que não se sabe onde, que ele é mero espectador no nosso circo mundano.
Quando nos perdemos de Deus, temos a impressão de sermos abandonados. E estar perdidos é como ter um espelho na nossa frente, onde não há reflexo, onde não se pode enxergar. É como não saber aonde ir. Quando me perco de Deus, me perco primeiro de mim...e começo a procurar por todos os cantos do meu ser a forma de reencontrar a direção. Somos tão humanos que esquecemos de ser divinos.
A minha humanidade me diz que dependo todos os dias de uma dose infinita de espiritualidade. Me diz que preciso beber essa vida com sede. Me diz que apesar da sobrecarga do mundo o que me compõe em essência é a vontade de ser e de encontrar em mim um DEUS. Mesmo que seja na mais lúcida escuridão....

domingo, 3 de abril de 2011

NÃO TENHO CERTEZA....


Não se pode prever...aquilo que se espera ser!! Confesso...Eu gostaria de ser bem melhor, cada vez mais, inexoravelmente. Queria mastigar e deglutir a minha auto crítica e não pensar. Eu queria simplesmente não me reprovar por qualquer desejo aparente que fosse, por qualquer razão, mesmo a mais torpe. Adoro esse gosto bom de incerteza flutuando sobre o que eu sou...que ao mesmo tempo amarga e arde. Me dá arrepios sentir que quero sempre mais e mais....O que eu espero de mim é bem mais e maior do que a própria possibilidade me oferece.
Sabe de uma coisa...eu não sei bem se eu sou! Talvez seja confuso decidir sobre tal ou tais certezas a respeito de mim. Mas algumas delas contornam o conteúdo áspero e o molde transborda sempre como se borbulhassem na inquietude do meu ser.
Eu faço coisas e sou uma coisa. Eu sou uma coisa que se reconhece no meio de outras coisas, vou me coisando por aí. Sugando e vertendo novas formas de sobreviver. O caos é tão imperceptível que nem imagino o quanto posso me perder. Mas enfim, eu aguardo.
Talvez daqui a um tempo que não poderei prever eu esteja totalmente aparente e você possa entender quando uma coisa passa a existir. Nesse meio tempo eu estive completamente mergulhada no meu lado obscuro, sem enxergar a claridade dessa perfeição banal que as pessoas afirmam conhecer. Ser perfeito é fazer tudo perfeito....tudo no seu tempo, do jeito certo, da maneira segura, VOCÊ CONSEGUE???
Faço orações pro meu vazio..porque é lá que minha voz ecoa. Talvez alguém possa ouvir, não só o que eu penso, mas o que eu sinto. Eu tento me dominar... carne pro espírito, ou espírito pra carne??? Alguém sabe qual é o alimento??.....Eu estou praticamente faminta, então posso comer eu e posso comer você. Mas não dá pra preencher o vazio.
Eu quero ser o "SER" que o criador me prometeu...mas sou criatura criativa, mutável e inserida no desconexo da existência. Eu tento a tantos anos e até agora nada me vem a cabeça. Quando penso no que eu sou, não me vejo com clareza. Só sinto que estou sempre querendo o acalento da fé. Quando a gente não tem certeza de nada...a gente pode simplesmente pensar que DEUS não comete erros.
Eu quero mesmo é ser um rabisco na obra divina. Quero que em minhas linhas tortas, Deus me escreva como única. Como se somente eu pudesse contar a minha história.

Nesse mundo... incertos mesmo são os nossos amores!!!

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

NÃO SOMOS DONOS DA BELEZA...



Me lembro de coisas antigas, de quando eu me maravilhava absurdamente com o mundo!! Eu passava pelas paisagens da minha existência observando a vida, simplesmente a vida! E a vida é incrível, em sua simplicidade, em sua lei absoluta e imutável. Na minha infância, a vida me comunicava com seus mistérios que havia algo muito além do que eu podia ver, eu percebia a mágica das coisas que eu não conhecia e tinha vontade de roubá-las um pouco e me sentir como Deus. Eu achava que todos os outros seres me entendiam, que eu poderia até falar com eles, e mesmo que eles só me olhassem eu acreditava que quando eu sorrisse eles sentiriam o que eu queria dizer. Eu achava que essa beleza da vida poderia ser tocada, que simplesmente se eu quisesse eu poderia olhar pro céu e pedir a Deus que ele me desse o poder de tocar sua fonte de beleza, a vida.
Me lembro de como era bom sentir a leveza da inocência de acreditar, de simplesmente acreditar. Chorei muito uma certa vez em que um pássaro estava lá parado no meio da estrada e meu pai parou o carro pra pegá-lo. Ele estava ferido, não lembro bem o que tinha acontecido com ele. Acho que alguém havia atirado alguma pedra e sua asa estava sangrando. O pássaro calmamente permanecia imóvel, ele não podia chorar e nem se rebatia pelo que sentia. Nem poderia ele me dizer nada, mas eu sentia que aquela calma era uma forma de dor. Então, sem dúvidas, sem pestanejar, eu o peguei e o coloquei no meu colo. Rezei ininterruptamente, pedi a Deus pra salvá-lo. Porque eu acreditava que naquele desejo que em mim gritava por dentro, se eu clamasse a Deus não haveria como aquele pássaro morrer. Ele ainda estava quente, e eu sentia o calor dele nas minhas mãos. Depois de horas acalentando aquela dor tão bela, vi que ele simplesmente morreu...morreu em sua calma, como se de fato estivesse ido embora, porque haveria de ir, se despedindo fria e inevitavelmente, como quem deixa saudades.
Me decepcionei bastante com Deus, por ter me roubado aquela beleza. Me roubando também algo que eu acreditava e me deixando desacreditada da certeza de que Deus entenderia minha vontade de salvar o animal. Já que ele não me ouviu....depois desse dia, sempre chorava quando minha mãe matava uma das aves do quintal para a refeição. Porque eu sabia que Deus jamais me ouviria...Embora cômico, quando a ave morria eu ía lá e jurava pros pintinhos que eles conseguiriam lutar pela vida, que eles tinham que ser fortes. Porque entendi que a vida é uma só, que a gente tem que cuidar dessa beleza de viver porque ela é simplesmente fulgaz, e só é nos dada uma chance.
Até hoje continuo maravilhada com essa vida estampada de coisas belas. Belas e sujas...mas sem nenhuma certeza, sem garantias de que Deus possa me ouvir, embora continue gritando por dentro, pedindo tantas vezes que ele em algum lugar me ouça. O que sei é que a minha chance de viver ainda está valendo e eu vivo. Se em algum momento chegar minha hora de pássaro, eu também vou ser calma. Vou simplesmente permanecer quieta e saborear a minha dor sem pena de mim. Porque eu sei que se o pássaro partiu é porque em algum outro lugar há de haver muito mais beleza....

terça-feira, 7 de setembro de 2010

O AMOR NÃO CULPA...SOMOS TODOS INOCENTES!!



Dizem que desculpas nem sempre são sinceras...talvez não sejam mesmo!!!! Mas todos os sentimentos são sinceros, do amor ao ódio...!! Então pra que pedir desculpas???? Porque a gente tem que se sentir culpado por sentir??? Tudo tem o seu perdão, o perdão nos é devido. O simples fato de não sermos perfeitos nos torna perdoáveis. Eu amo alguém, amo tão forte que as vezes me perco, me ausento, me sufoco...eu aprendo a causar e a sentir essa dor de querer sempre querer. Creio que não poderia ser diferente, pois a medida que me revelo em meio ao amor, eu me revelo como pessoa, porque estou implodindo, transbordando...querendo me verter em tudo que está preso na minha alma. É inevitável...pra amar é necessário conhecer e se reconhecer!!! Como poderia amar sem que alguém pudesse me ver de todas as formas? Como poderia amar sem que essa fragilidade se tornasse transparente? Como amar tendo que me proteger atrás de uma máscara bonita e atraente?? Como amar se eu não desse a oportunidade a alguém de entrar no meu mundo mais profundo, no enigma do meu "EU"? Como poderia amar se não pudesse pedir ajuda quando eu não tivesse forças pra suportar a incerteza de ser quem eu sou? De ser inteiramente como sou...mesmo com meus erros e minhas omissões...!!!
Eu queria sempre agradar, já que assim o amor seria simplesmente perfeito. Mas não é assim que a vida nos prova, não é assim que a gente mergulha na existência...Talvez o beijo mais perfeito seja aquele dado no meio do desespero, no quase fim!!! Talvez o dia mais feliz em que estive com alguém, foi aquele em que no meio de uma discussão tive vontade de rir e abraçar. Talvez o meu melhor tenha sido demonstrado quando você precisou de mim....Então como podes me julgar pela raiva, se o plano era ficarmos juntas? O que sei do meus erros é que quase sempre foram inevitáveis, mas nunca foram intencionais....
Quando o amor chega ao fim é quase como um pesadelo. Mas se a intenção do fim fosse apenas um engano a gente poderia se engasgar com essas palavras ardilosas e cuspí-las fora depois, e tudo voltaria ao normal, pois ainda restaria sempre um novo começo.
As vezes fico me perguntando se no meio de uma desilusão tudo se torna vago e sem direção, mas é bobagem. Tudo está no seu devido lugar...no tempo certo, no momento de sentir, nem que seja pra juntar os pedaços no dia-á-dia tentando montar esse quebra-cabeças depois que ele se desmonta!!! Fico confusa porque vejo as pessoas confundindo o amor com uma coisa ilusória onde tudo é perfeito e isento de erros, onde nada foge do controle, onde os sentimentos beiram as portas do paraíso. Mas o que se espera DE VERDADE do amor é aquilo que se alcança ao se lançar em meio aos riscos assumidos, os riscos de existir e dividir o seu existir, a sua realidade com alguém. O amor é pros devotados,é pra quem tem coragem...é pra quem sabe que vai doer e mesmo assim assiste ansioso o capítulo final...o final feliz!!! O amor é uma escolha, não é um prêmio, nem um porto seguro...o amor existe pra gente saber que pode dar a volta no mundo, que pode transpor uma montanha simplesmente porque é isso que tem que ser feito....o amor não pára porque existem obstáculos, o amor não esita, nem desiste....o amor por si mesmo estabelece o desejo de continuar sempre em frente seja qual for o caminho....O amor me mostra tantas rotas e direções em que eu me encontro e me perco do que amo... me mostra que me amo mais cada vez que amo, e que é nessa trajetória que posso reconhecer que me entrego, mesmo sem saber, da forma que me querem. E que se essa forma se molda e se retorce é porque a essência está viva...


E acredito que quando alguém muda de direção é porque perdeu o caminho, ou simplesmente porque ERROU o caminho...Outros talvez por covardia, mas no fim das contas tudo é recomeço!!!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

O SANSÃO DE DALILA....


Hoje enquanto eu dormia tive uma grata revelação. Eu tive um sonho estranho, onde Eu via Sansão sendo seduzido por Dalila. E quando acordei meio assim sem entender, percebi que a TV estava ligada num desses programas toscos religiosos. E o Homem da TV falava sobre o que tinha acontecido com Sansão. Ele explicava que Sansão era um homem de muitos dons e tinha recebido todos esses dons pra ajudar o seu povo, no entanto, a vaidade e o orgulho dele fez com o que ele desejasse apenas usufruir dos prazeres que esses dons proporcionavam. Sansão deixou-se levar pela sedução, pela ilusão do que o mundo lhe oferecia. E esqueceu que o que ele tinha recebido de Deus deveria ter sido usado em benefício do bem dos mais fracos, dos necessitados de ajuda. E então quando foi traído ele percebeu e teve consciência de onde e porque tinha errado. Isso me tocou profundamente...
Isso me tocou porque as vezes a gente acha que a força que demonstramos ao mundo pode nos proteger das armadilhas do mal. O grande problema é que não temos muita noção do que realmente é força..Ao acordar hoje de madrugada, pude entender depois dos meus 30 anos de existência que não adianta ser a pessoa mais forte do mundo se você não aprendeu a controlar os seus impulsos, os seus desejos. Se você não aprendeu que devemos usar o que temos com moderação, sempre tendo a preocupação de entender que o poder só funciona se ajuda os outros que necessitam dele. O poder da força que temos não deve ser usado simplesmente pra nós suprirmos as nossas necessidades ou pra nos mostrar como melhores. Deve ser usado principalmente pra completar a existência do outro, pra estender a mão aos outros seres humanos que não tem as mesmas habilidades que nós.
Isso me faz crêr que o mundo não entendeu isso. E que todo mundo hoje quer simplesmente ser melhor que o outro, e busca de todas as formas fazer valer essa necessidade. A força que as pessoas tem é mal empregada, pois impõem ao mundo a condição individual onde cada um por si só se estabelece. Tive vergonha de mim e dos outros hoje porque sinto que esse tipo de situação nos leva a ruína....e é por causa dela que não conseguimos estabelecer verdadeiramente o bem junto aos nossos semelhantes.
Como será que Deus vai nos perdoar?? Se tudo de bom que ele nos deu não serve pra melhorar o mundo...???
Quando Sansão percebeu isso era tarde demais...E quanto a nós? será que já é tarde demais???...........

sexta-feira, 16 de abril de 2010

MEU SONHO DE CRIANÇA....


Se os pais soubessem, se bem soubessem, entenderiam a vontade que os filhos tem de sentir, porque sentir é uma parte grande de ser. As vezes a gente precisa falar o que quiser e até parecer inconstante...e isso a gente vai somando junto com o destino.
Posso dizer que minha experiência de ser filha é o meu grande fardo...porque talvez por descuido, ou por ignorância, ou não soube me conduzir através da regra básica...Eu optei por sentir, e por sentir, falar e por falar agir...
Eu sou filha adotiva e conheço muitas, muitas e muitas pessoas que são. Esse é meu fardo...porque o filho adotivo, nasce endividado, propenso a cobrança...que a gente vai aprendendo a pagar e pagamos, com a honestidade de quem acha que deve.
Na escola, quando criança, na sociedade quando adultos, todos estão atentos....atentos ao nosso dever de agradar e agradecer, e graças a Deus agradecemos. Eu agradeço todos os dias a caridade, a solidariedade, e até mesmo ao comportamento cristão que me deu a oportunidade de ter Pai e Mãe, irmãos..."família". Até aí todos os papéis se cumpriram e realmente quem dirá que não???? Nem mesma eu diria...
Eu caprichei na Dor, pra esconder que estava tudo bem, que minha história realmente começa aqui, mas não sou uma pessoa detalhista...Aí que pequei!!!
Porque há uma grande diferença entre sentir e não querer sentir, sinto até hoje. A dúvida é a grande palavra chave, por isso nem todas as verdades são absolutas. Então, não tem como esconder, nem mentir ou até mesmo omitir o que está travado dentro da gente.
O que eu posso dizer da minha experiência é que, CANSEI DE PAGAR MINHA DÍVIDA.
Eu realmente não consegui ser feliz assim. Muita gente não sabe como é cruel a forma como você tem que lidar com os fatos. Pois as pessoas não sabem o tipo de coisa que você tem que ouvir e se submeter, quando criança e até mesmo quando adulta.
Talvez possa haver experiências melhores, mas a minha não me faz crer além do que eu sei.
Eu sinto dentro de mim um tipo de luto, infinito...um sentimento de perda!! Mas não por não ter a figura de PAI, MÃE, IRMÃOS, ect, porque isso me foi negado antes pelos meus pais biológicos e depois acrescentado pelos meus pais adotivos...Mas sinto pela falta de amor, dedicação, de compreensão, de acolhimento que pouco existiu. Sinto por não ter encontrado o apoio que eu precisava e preciso até hoje. E sinto muito mais, por certas atitudes demonstrarem que as pessoas acreditam que estão sendo coerentes. Que o que eles fizeram de "BOM", foi suficiente e justifica tudo. E quem poderia dizer o contrário??
Bem, o que me resta??? Me resta acreditar em mim, me superar, me recompor...resurgir!! nascer de novo...Nascer pra uma nova esperança de vida!!! E tentar encontrar o amor de outras formas....me resta esquecer!!! porque o que se vê por aí em muitas famílias, é a falta de companheirismo, de união, até mesmo de afeto...muitas pessoas não são capazes de demonstrar seus bons sentimentos, mas são totalmente competentes quando empenhados em externar seus conceitos e preconceitos inúteis.
Hoje eu não me arrependo de ter escolhido ter saído de casa, aos 21 anos, chutada, ferida no meu amor próprio e no meu orgulho,pois a essas alturas, o abandono já não era um fator inesperado, era um fato perene, apenas maquiado pela falsa ilusão do amor oferecido. Me dei a oportunidade de aprender com o mundo, a enxergar o que muitas pessoas não conseguem ver: PRECISAMOS UNS DOS OUTROS, NÃO POR DEPENDER, MAS PELA NECESSIDADE DE AMAR E SERMOS AMADOS. Eu não me arrependo, das vezes que passei frio, fome, medo, solidão. Não me arrependo de ter que começar do zero, com minhas próprias mãos...Nem de ter tido a coragem de demonstrar minhas fraquezas, mesmo quando muitas pessoas tenham se aproveitado ou me condenado por isso.
Todo mundo acha que quando adota um filho que não é seu, merece um título de bondade e até mesmo se beneficia do seu ato benevolente. Talvez seja esse brilho que ofusque o verdadeiro sentido da adoção...SE VOCÊ SE PROPÕE A AMAR, SERÁ QUE ESTÁ PREPARADO?? Preparado pra entender que o filho adotivo é um ser com as mesmas imperfeições de um filho legítimo. E isso vai por o seu dito "AMOR" à prova...
Então, aqui estou eu...não me arrependo de ter comprado minha briga pra ser eu mesma, com meus valores legítimos, meus defeitos legítimos, minha dor legítima. Não preciso ser agradecida pelo que eu não tive...agradeço sim por eu ter o orgulho de nascer de mim mesma e talvez de morrer por mim mesma.

Em meus sonhos e apenas neles, eu me vejo numa realidade diferente....e por um momento, em segredo, desfruto do meu desejo mais infantil...proteção!

sábado, 27 de março de 2010

QUEM NÓS QUEREMOS SER.....



Nunca me canso de dizer que a vida é um sistema de compensações, perfeito, como se seguisse fielmente a regra central...tudo tem uma compensação. O que eu vejo no meu semelhante todo dia, é quase aquilo que vejo...quase, tanto como se fosse de perto refletido.
Eu, assim como qualquer um, daria tudo pra saber o que nos faz merecer ou não o que somos, porque tantas vezes nós nem percebemos como somos percebidos....é quase como um amor não correspondido. Como amar e não ser amado...e vice-versa!!
Essa nossa aparência tão verdadeira é a nossa moeda de troca, pois, nem todo mundo nos compra, rsss.....SÓ QUEM TE CONHECE QUE TE COMPRA.
E realmente é uma guerra nos vender, nos vender como bons ou maus, como certos ou errados, como merecedores ou não merecedores.....como vencedores e perdedores.
Então sejamos francos, que publicidade é essa que nós fazemos tão desapercebidamente na vida, que as vezes ou muitas vezes nos fazem tão mal compreendidos ou não aceitos, e em outras tão digeríveis????
É no meio dessa equação que a vida é justa ou não, que nos sentimos bem ou não com nós mesmos. Porque eu sei que nessa incerteza matemática, a gente pode mudar as fórmulas e reinventar o conteúdo......ou até mesmo a embalagem!!
A matéria prima é a mesma, as vezes moldável, as vezes rígida, as vezes seca ou sem graça....a base de todos nós é a mesma.
Mas a forma como a gente se trabalha é que nos transforma, talvez um dia eu me venda pra você com um sabor diferente do que te agrada, mas dentro de mim eu tenho um pouco do que você gosta...
Na vida a gente passa muito tempo procurAndo nas embalagems, nos rótulos, lendo e relendo....mas se você não provar você nunca vai saber que gosto tem UM OUTRO SER HUMANO.