quinta-feira, 9 de agosto de 2012
O MEU ESCURO.....
Você me vê, me enxerga como eu mesmo? Sabe da minha luz? Você em algum momento seguiu os meus passos?......Houve medo, houve dor, eu pude ver tudo diante dos abismos que enfrentei. Eu muitas vezes até pensei em voar, como se fosse um meio de aliviar, como se fosse um meio rápido de tirar o peso das costas. Era demais a escuridão, as sombras....era quase impossível ver alguma luz. Tem certos momentos na vida que a escuridão é tão vasta que a gente inconscientemente acaba por não perceber a claridade. Estar só na escuridão é como se perder dentro de si, é como ter que reinventar-se para não sucumbir a uma realidade aprisionada. Um realidade onde a gente não se move, não se meche....
Vivi muitos anos de escuridão, muitos medos, eu herdei o meu precipício, estava tudo lá para que eu o enfrentasse. haveria de ser assim, e eu olhei bem dentro da escuridão, talvez na tentativa ingênua de me adequar, de talvez tatear alguma direção, de me misturar com essa paisagem do destino. Eu não estava cega, eu não estava surda ou muda...mas eu estava faminta, com fome de vida. Eu quero viver plenamente, queria poder chegar a claridade da existência.
Por algum motivo a vida me quis na escuridão...talvez a vida me quisesse um ser de sentimentos profundos, de desejos viscerais...de coração valente. Eu sei, tive mágoa da vida. Pois o que ela me trouxe não era exatamente parecido com meus planos. Mas acabei aceitando a emoção, o extra sensorial, o que não se mede...o que os outros em sua racionalidade e clareza não percebem. Eu sou assim, um ser vindo da escuridão, gerado no ventre do acaso, eu sou aquilo que ninguém desejou ou planejou. Eu sou um simples presente do acaso. Esse é o meu grande presente da vida...eu provei do improvável, eu tive que saborear o amargo entre outros sabores e me deliciar com esse gosto diferente. Eu tive que buscar a luz, mas não a luz natural, eu tive que buscar a luz da alma para me guiar...
Hoje eu tenho poucas mágoas, muita coisa já sarou, só me resta mesmo é poder olhar a pele riscada, só me resta acostumar com o que está dilacerado. Eu olho e toco, e aceito, muitas vezes parece até bonito se vê. Porque essas marcas me lembram por onde passei, é como um mapa do meu caminho, onde caí e levantei tantas vezes. É a minha forma, minha essência que transbordou...eu sou exatamente aquilo que haveria de ser. Nada se perdeu. Existem outros filhos da escuridão, eles assim como eu também atravessaram seus destinos, e sabem que não precisam ter medo do escuro.
A minha escuridão ironicamente nada mais é que a claridade rejeitada de outros, nada mais é que aquele brilho que perdeu força em quem amávamos. Quando a luz de alguns se apagou eu me vi na escuridão...me lancei junto com ela em outros mundos, eu vi de perto o que havia dentro da claridade. E por não haver motivos para recusar, eu aprendi a amar a escuridão, e a amei, com seus perigos e com suas glórias. Hoje eu sei que não haveria de enxergar tão bem sem aceitar minha escuridão, pois quando fecho os olhos eu enxergo cada vez mais longe.
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